segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Enfim, me despedi.

"Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ...
                                e não a gente a ele!"
                                                                (Mário Quintana)


Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieto,
muito quieto
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.
Vinícius de Moraes

São Paulo Nov/2012
Episódio dedicado á: despedida.



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